Natural de Jaguarão, e com o costume de andar de tirador, boina, fralda, mamadeira e bota quando dava seus primeiros passos.
Chamado de “doente por cavalos” pela família, ele é Ricardo Wrege, hoje formado em Medicina Veterinária, porém, quando era criança, falava que ia “estudar”, para ser domador...
Seus primeiros passos, no mundo do cavalo começaram bem cedinho, com 2 ou 3 anos ele já conseguia andar sozinho “e pegar umas treinadas”, que logo logo se transformaram em participações em provas de rédeas em vários CTG.
Mas tudo isso era feito com muito prazer, e claro, com aquele entusiasmo de criança.
Até chegar aos 14 anos, quando o irmão e o pai dele, falaram que ele deveria começar a aprender com pessoas que já souberam do assunto. Neste caso, o escolhido para os primeiros ensinamentos do Ricardo, foi o Zeca Macedo.
A casa do Zeca, era o lugar das férias do Ricardo, e também a casa dos ensinamentos, dos “sim” ou “não”, dos “tá certo” ou “tá errado”.
Os treinos começaram a pegar, e junto com ele, as domas. Tanto é assim, que a primeira égua que ele participou de uma prova com 18 anos, foi domada por ele.
Mas sempre assim, as participações eram “quando dava”, “quando dava tempo de treinar”, já que o Ricardo, estudava na faculdade, e a prioridade era se formar para poder se dedicar integralmente ao treinamento de cavalos.
“Já faz algum tempo que eu decidi ser ginete”, expressa Ricardo conversando com Cosas del Campo.
Ele não se dedicava profissionalmente, mas, competia junto a eles. “E graças a deus, sempre andei bem”, diz.
Hoje a faculdade terminou, e “seu ganha pão”, é o treinamento de cavalos.
Mas... nessas maravilhas todas que aconteceram, também teve desilusões. Teve momentos que chegaram ao ponto de pensar em desistir. Tragos amargos que a vida apresenta, mas que também demonstram, que quando é pra acontecer, é pra acontecer.
Um deles, foi quando ele estava no Zeca Macedo, e estavam por carregar os cavalos pra ir no Bocal de Ouro, a expectativa era grande, e o Zeca, tinha um bom cavalo para brigar. Pois não é que em um piscar de olhos, o cavalo se faz um corte profundo, um corte que poderia deixar ele de fora, mas... foi suturado, muito bem tratado, e, foi bocal de ouro.
Daí o Ricardo pensou... poxa, as desilusões estão sim, mas... quando é pra acontecer, acontece.
Outro trago amargo, foi quando classificou a sua primeira égua, no Prado, em Montevidéu, o doping dela deu positivo, e deixou eles fora do Freio de Ouro, uma égua realmente boa, e que eles até agora não sabem de onde surgiu a substância que apareceu. Mas, também, como tudo, depois das desilusões vem as alegrias, eles voltaram a correr, e andaram bem.
Mas... o destino fez insistir aos seus melhores guerreiros, o Ricardo seguiu em frente, e graças a Deus, foram mais sorrisos que ele teve que expressar, que lágrimas a lamentar.
Todos os cavalos que ele correu até agora em credenciadoras, ele credenciou, e todos os cavalos que ele passou pra classificatória, ele classificou.
E dentro desses cavalos, tem um que ganha um lugar privilegiado dentro do coração do Ricardo, e ele se chama “Las Callanas Mil Razones”, ele acredita que foi quem levantou sua carreira, quem ensinou muito a ele, e é a quem deve muito. Pois ficaram quartos no Bocal de Ouro, e nesse ano, ele foi considerado ginete destaque, frente a um monte de ginetes já bastante conhecidos e entendedores do assunto. “Momentos que ficam marcados pra sempre na memória, até agora, o momento mais feliz da minha carreira!”, conta emocionado Ricardo.
Outro momento que ele faz questão de lembrar é a briga do ano passado para entrar no pódio do Freio de Ouro, onde até a última paleteada, vinha entre dos 4. Realmente um momento que fica na memória dele, da família, da carreira, e do “Criadero Las Callanas”.
Mas... como foi viver tudo isso? Como foi chegar até o Freio de Ouro?
“Eu me criei nesse meio, eu desde criança idolatrava todos os que andavam na ponta, nunca pensei em que um dia, eu pudesse estar entre eles”. Mas esse dia chegou, ele estava no meio de todos, competindo par a par, sempre dando o melhor de si.
E é por falar em dar o melhor de si, que conversando com ele, falamos do tempo que se passou... e ele não tira outra reflexão que não seja, “dedicação”, ele acredita, que tudo isso aconteceu devido a dedicação que ele teve na hora de treinar, na hora de aprender, na hora de montar, na hora de sonhar.
Assim como ele... outros sonham, e ele não deixou de lembrá-los, deu uma espécie de conselho para quem está começando a sonhar, para quem está começando nesse assunto que encanta a muitos.
“Nunca deixem de aprender”, expressa. A base de tudo, ele acredita que está aí, nas coisas simples, no arte de escutar, a qualquer pessoa, pois em cada conversa tem um aprendizado. E não deixando de lado, a dedicação, sem ela, não se chega em lugar algum.
E é por aqui, que vai chegando ao fim, a história daquele guri, de fraldas, tirador boina e botas, que hoje, cada vez que entra em alguma pista, entra com a sensação de dever cumprido, entra com a sensação de que a história não termina por aqui, que é só um passo a mais com seus companheiros de lida que nós chamamos de cavalos, mas que pra eles, os treinadores, são anjos que caem do céu... E que ir atrás dos sonhos, e o mínimo que cada ser humano deve de fazer...
A história continua...
Chegamos na 15 Edição do Tempranito 2024
CALENDÁRIO 2025: Confira as atualizações e as Exposições Passaportes de Outono
Encontro para celebrar o Cavalo Crioulo: tradicional evento movimenta a Rainha da Fronteira