Cavalo de Lida: o aliado da Pecuária Brasileira

Colunista: Orlando C. Silva Filho

Segunda-feira - 25 de setembro de 2023

Cavalo de Lida: o aliado da Pecuária Brasileira
Integração entre Equideocultura e Pecuária formam um elo eficiente dentro do Agro brasileiro. No Brasil existe mais cabeças de gado do que pessoas, é o que[...]

Integração entre Equideocultura e Pecuária formam um elo eficiente dentro do Agro brasileiro.

No Brasil existe mais cabeças de gado do que pessoas, é o que indicam os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), correspondente ao ano de 2022. De acordo com o referido levantamento, o país possui 234,4 milhões de bovinos, superando a população do país em 15,4%.

Diante de um rebanho dessa magnitude e de uma rica extensão de terra, a pecuária brasileira acaba se desenvolvendo predominantemente de forma extensiva, ou seja, a criação do gado é realizada a pasto em grandes áreas. E é nesse cenário que o Cavalo de Lida contribui não somente no dia a dia das fazendas, mas, sem dúvida alguma, na formação econômica do Brasil.

Com aproximadamente mais de 5 milhões de equinos, o Brasil possui uma das quatro maiores populações de equinos do mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, 2021). Sendo esses animais destinados a diversas funções como: criação, esporte, lazer, forças de segurança, atividade terapêutica, e claro, o trabalho no campo; esta última, representando contribuição no desenvolvimento da pecuária moderna, com uma tropa estimada em 3,9 milhões de cabeças (MAPA, 2016).  

De acordo com fontes oficiais do Censo Agropecuário de 2017, sobre a utilização de equinos para trabalho nos estabelecimentos rurais, cerca de 94% dos equinos de trabalho estão vinculados com a atividade econômica da pecuária (Gráfico 1), estando presentes em mais de 886 mil estabelecimentos espalhados pelo território nacional. Demostrando o grande envolvimento desses animais no setor pecuário.  

 Gráfico 1 – Distribuição dos Equinos de Trabalho no Brasil, por Atividade Econômica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Assim sendo, raças como o Crioulo e o Quarto de Milha, em virtude de notável aptidão para o serviço de manejo do gado, acabam conquistando pecuaristas e se tornando ferramenta mais do que indispensável no dia a dia nas estâncias e fazendas do Brasil.

Basta ver, nos últimos anos, como o cavalo Crioulo vem rompendo fronteiras e conquistando cada vez mais espaço em outras regiões, que não o Sul do país, berço da raça. Isso devido não apenas por participações em eventos esportivos, mas sem dúvidas, também por sua atuação no trabalho de campo na lida com o gado. Fato que se torna notório pela iniciativa da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) em implementar um projeto com ações voltadas a expansão da raça em outros Estados como Mato Grosso do Sul (MS) e Mato Grosso (MT); regiões de destaque na produção nacional de pecuária de corte.

Neste mesmo sentido, o Quarto de Milha, destacado pelo apurado ‘cow sense’, ou ‘sendo do gado’, aprimora, e consequentemente, consolida essa sua característica com o passar nos anos. Prova disso é o reconhecimento internacional da criação brasileira de cavalos Quarto de Milha de trabalho pela American Quarter Horse Association (AQHA). Todos os anos a entidade homenageia as contribuições que os cavalos de fazenda fizeram para a herança da raça, apresentando o prêmio ‘AQHA International Best Remuda Awards’ para reconhecer um criatório de excelentes cavalos para o trabalho do dia a dia nas fazendas de pecuária. O que proporcionou que em 2020 e 2022 criatórios brasileiros, como as Fazendas Campanário e Gruta Azul, ambas do Estado do Mato Grosso do Sul (MS), ganhassem esse prêmio de reconhecimento por serem referência de qualidade na criação de cavalos Quarto de Milha utilizados para o trabalho no campo.

Seguramente, tanto o cavalo Crioulo como o Quarto de Milha, demonstram de forma evidente seus atributos para o trabalho com gado. Contudo, no Brasil, apesar da grande influência dessas duas raças, a tropa de lida também tem a participação de outras raças e acaba por ser formada, na sua grande maioria, por animais mestiços. Além da forte presença de muares na realização desta nobre função.

Em meio a este panorama, é bem verdade que estes animais, ainda não alcançaram um status como os dos animais de esporte, por exemplo, quando analisamos o consumo dentro da “Indústria do Cavalo”. Em outras palavras, quando falamos de consumo de medicamentos, ração comercial e serviços (ferrageamento, tratamento odontológico, entre outros acompanhamentos veterinários), o Cavalo de Lida ainda tem pouca, ou quase nenhuma, participação relevante nessa fatia do mercado.

Por fim, fica aqui uma importante reflexão sobre o potencial desse segmento da equideocultura nacional, mas sobretudo sobre o quanto este personagem, o Cavalo de Lida, ainda se faz indispensável para o sucesso da produção pecuária brasileira. 

 

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