Uma administradora de empresas com uma estrutura de cabanha e um sonho: novos negócios na área do Cavalo Crioulo. Um médico veterinário que procurava centralizar parte do seu trabalho junto à raça. A paixão dos dois pelo Cavalo Crioulo os uniu em um novo empreendimento em  Cachoeira do Sul. Trata-se da Central de Reprodução Renascer, que desde setembro atende aos criadores com o melhor para seleção genética e reprodução animal. O empreendimento é dos sócios Marcia Pohl Rodrigues e Rodrigo Menezes e seus familiares. 

Apesar deste não ser um texto sobre filosofia e sim sobre a trajetória de uma amante da raça crioula, o que impede de se fazer uma profunda reflexão sobre o ciclo início, fim, recomeço? Muitas vezes, para ocorrer um começo é preciso de um fim. Complicado? Pode até parecer, mas nem sempre, é o que prova a história de um dos sócios da Renascer.

A Marcia Pohl Rodrigues sabe bem disso. Afinal, ela começou uma história de vida exitosa ao lado de uma pessoa, quase 20 anos atrás. E foi por conta de um casamento que ela passou a conviver com a comunidade crioulista e a conhecer o Cavalo Crioulo bem de perto. A jovem aprendeu sobre doma, treinamento e como formar campeões. Ao lado do então marido, chegou a celebrar a vitória no ponto mais alto da raça: o Freio de Ouro. 

Foi aí, com jornada exitosa com o cavalo, que ela viu o fim chegar. O casamento acabou e por isso, ela também se separou dos cavalos. Foi preciso deixar a propriedade onde existia o centro de treinamento, do agora ex-marido, para recomeçar junto com a filha uma nova jornada. “Eu abri mão do meu trabalho que amava tanto, da minha equipe, para ir para cidade e deixar ele trabalhando”, conta a empresária. 

Esta seria apenas uma história de separação parecida com outras tantas. Contudo, quando planejaram o centro de treinamento, o casal o fez na propriedade dos pais de Marcia. Com o fim do casamento, ele precisava recomeçar. A solução encontrada foi árdua e demorada. Marcia comprou toda a estrutura do centro de treinamento, com 20 cocheiras e tudo mais. “Fiquei cinco anos pagando. Dei de entrada o gado da criação da minha mãe e do meu que vendi para ele construir uma nova sede para trabalhar e tocar a vida”, detalha.  

Resiliente e determinada. Talvez estas palavras possam definir Marcia. Afinal, ela queria voltar e trabalhar com cavalos mais uma vez, mas no processo, precisou passar por algumas etapas, atuando até como corretora de seguros. Tudo para adquirir a experiência que a levou de volta ao campo em meio à epidemia por coronavírus, em 2020.

Neste retorno, o antigo centro de treinamento se transformou em Centro Equestre Renascer. O local foi palco de provas de doma, cursos e também acolheu um dos ginetes do Freio de Ouro, Cláudio Fagundes. A resiliente e determinada Marcia, havia voltado ao mundo do Cavalo Crioulo, onde sempre se sentiu acolhida! 

Com o apoio do atual marido, Jeifer Pedroso, Marcia e o sócio Rodrigo Menezes, tocam um novo negócio na área em que a vida dedicada ao Cavalo Crioulo, começou. A Central de Reprodução Renascer já recebe garanhões e éguas. “Aqui, oferecemos todo o serviço de reprodução equina, tanto para as éguas quanto para os garanhões. Vamos inovar trabalhando com a gestão de condomínios dos garanhões, procurando assim, facilitar a comunicação, o comércio e respectivamente os envios de semen aos proprietários e demais criadores”, conta Marcia. Ela adianta que também haverá transporte de carga viva, com caminhão próprio da Central, com o objetivo de facilitar o negócio com os clientes. “Com todos estes projetos em andamento por aqui, sinto que apesar de ter ficado fora por um tempo, agora estou atingindo meu objetivo de voltar para servir e trabalhar de alguma forma para o cavalo”, explica a empresária. 

Hoje, Marcia se diz muito agradecida por tudo que passou e pela trajetória que construiu junto ao cavalo. A casa onde mora, construiu em frente à Renascer. Da varanda, ela vê o complexo, que conta ainda com toda a estrutura da Central. E para todos os lados que olha, há campo e cavalos. “Sou muito  feliz aqui, com minha família, neste paraíso”, completa

Ieda Risco/Jornalista