Do Campo às Pistas: A Evolução do Esporte Equestre no Brasil

Colunista: Lucas Corrêa Lau

Segunda-feira - 19 de fevereiro de 2024

Do Campo às Pistas: A Evolução do Esporte Equestre no Brasil
A relação do cavalo com as atividades do campo sempre foi muito próxima; é quase impossível pensar em um sem lembrar do outro, sendo uma ferramenta importante no[...]

A relação do cavalo com as atividades do campo sempre foi muito próxima; é quase impossível pensar em um sem lembrar do outro, sendo uma ferramenta importante no meio rural, com uma relação de simbiose com o homem do campo.

Essa relação estreita forjou culturas como a do gaúcho, do tropeiro, do pantaneiro, do sertanejo, assim como tantas outras em nosso país. Hoje, o Brasil colhe frutos dessa interação centenária, com uma forte cultura de equitação que tem conquistado o meio urbano.

Historicamente, o primeiro registro oficial de competições equestres no Brasil ocorreu em 1641, ordenado por Maurício de Nassau, em Pernambuco. Embora tenham se passado séculos, o grande crescimento dos esportes equestres ocorreu recentemente, já no final do século XX, com o Turfe, o Hipismo e, posteriormente, com modalidades novas, seja com raças estrangeiras como o Quarto de Milha, ou com raças nacionais como o Crioulo e o Mangalarga Marchador. Com mais de um milhão de cavalos dedicados ao esporte e ao lazer no país, o estudo da Revisão do Complexo do Agronegócio do Cavalo de 2016 aponta que aproximadamente 65% dos proprietários de cavalos de esporte utilizam as raças Crioula ou Quarto de Milha. Além disso, mais de 60% dos animais que desempenham essa função também são Crioulos ou Quarto de Milha, além das atividades de Hipismo e vaquejada que completam o índice, movimentando mais de 6 bilhões de reais anualmente. A divisão geográfica das modalidades e raças que protagonizam o esporte equestre no Brasil reflete as tradições e diferenças sociais e culturais de um país continental.

O cavalo Crioulo carrega consigo uma trajetória que ilustra de forma bastante particular essa transição do campo para a cidade, sendo um cavalo originalmente selecionado na lida do campo e para ela. Desenvolveu provas próprias que refletiam essas atividades, assim como incorporou ao longo dos anos outras modalidades com as quais teria afinidade com seu biotipo. Esta evolução mostra números bastante expressivos, tendo 2023 com mais de 12 mil participantes em mais de 300 provas esportivas oficiais, em 12 estados brasileiros. Estes dados excluem o Freio de Ouro e Morfologia, que, por classificação interna da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos, são consideradas provas seletivas. Porém, para fins comparativos da divisão lida/esporte, também podemos considerar atividades esportivas, o que agregaria ainda mais nos números citados.

O Freio de Ouro, hoje passados mais de quarenta anos de sua primeira edição, considero o maior case de sucesso de evolução e desenvolvimento de uma prova equestre. Partimos de uma prova de doma local, realizada no extremo sul do país, chegando a realizar as primeiras edições na Europa, mostrando a raça Crioula para o mundo na Fiera Cavalli, uma das mais importantes e tradicionais feiras equestres, que acontece em Verona, na Itália. Acredito que, nem mesmo os idealizadores do Freio de Ouro tinham consciência da genialidade colocada em cada etapa desta modalidade, e não imaginariam a relevância que ela teria na seleção da raça, assim como o alcance dela no Brasil e no mundo.

Para chegar a essa grandeza, podemos citar alguns pontos fundamentais, como a transformação da embrionária prova funcional de Jaguarão no Freio de Ouro e a chegada dele na Expointer, assim como o início das transmissões do Freio de Ouro na televisão. Atualmente, o final de semana que compreende a final do Freio de Ouro é responsável por quase 100 mil acessos ao parque da Expointer por dia, com as arquibancadas lotadas horas antes do início da prova, e milhões de acessos nas transmissões pelo mundo todo. Essa transição do campo para a cidade tem acontecido de maneira acelerada nos últimos anos, trazendo grandes benefícios sociais, culturais e econômicos a toda cadeia do agronegócio do cavalo e suas ramificações.

Em suma, os esportes equestres no Brasil desempenham um papel fundamental tanto na economia quanto na preservação das tradições regionais. Além de gerar empregos e movimentar um mercado significativo envolvendo a criação, treinamento e comércio de cavalos, essas atividades também são fundamentais para manter viva a rica herança cultural equestre do país.

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