Cólica

Colunista: Caroline Nunes Ferreira

Terça-feira - 06 de agosto de 2024

Cólica
 É notável que a síndrome do abdômen agudo a popular cólica é uma das mais importantes enfermidades gastroentéricas da clínica médica equina. Isso se dá pela fatalidade da[...]

 É notável que a síndrome do abdômen agudo a popular cólica é uma das mais importantes enfermidades gastroentéricas da clínica médica equina. Isso se dá pela fatalidade da doença caso o animal não receba o atendimento rápido e eficaz e o suporte necessário. Além disso, a cólica gera danos financeiros e emocionais aos proprietários e criadores, por isso é importante salientar que existem alguns cuidados necessários que podem ser tomados a fim evitar essa enfermidade, como por exemplo: o manejo e nutrição adequadas, sanidade e cuidados odontológicos adequados.


E mesmo com todos esses cuidados os tratadores precisam estar atentos aos sinais de dor e os veterinários capacitados para agir corretamente frente a essa emergência, pois qualquer equivoco pode ser fatal.

. A cólica é uma das enfermidades mais encontradas na clínica médica dos equinos e pode acometer qualquer raça, sexo e idade. É uma doença caracterizada por dor abdominal que necessita de diagnóstico preciso para evitar a morte do animal.


Mesmo com a modernização no manejo da equideocultura a síndrome cólica ainda é apontada como a principal causa de morbidade e mortalidade dos equinos, gerando grandes prejuízos financeiros e emocionais para os criadores dessa espécie.


Existem diversos tipos de cólica e identifica-las nem sempre é possível  no primeiro momento, por isso é primordial o atendimento emergencial logo nos primeiros sinais de dor, alguns cavalos tem uma resistência maior a dor e acabam dando sinais leves porem tem problemas intensos.


O uso de analgésicos deve ser usado com cautela pois ele não trata a causa e sim alivia a dor mas em muitos casos pode mascarar o problema real.

As cólicas mais frequentes são as por compactação gástrica, elas ocorrem por excesso de alimento, falta de fibra ou fibra muito grosseira, concentrado de baixa qualidade que pode acabar fermentando, baixa ingesta de água, exercícios intensos sem respeitar o tempo de digestão, entre outros fatores.


Essa cólica é de simples solução clinica mas se não atendida imediatamente os primeiros sinais podem agravar o caso. È de extrema importância que o estomago seja lavado com o uso da sonda nasogatrica e agua morna respeitando a capacidade de volume que comporta o órgão para não haver risco de romper o estomago e levar o animal a óbito por choque hipovolêmico.


Lembrando que o estomago já está cheio de conteúdo então a quantidade inicial de água tem que ser baixa pois o risco de rompimento é grande e inicialmente só queremos hidratar o bolo alimentar compactado para poder retira-lo pela sonda.

Caso esse atendimento não seja realizado de forma emergencial a compactação pode fazer com que a motilidade intestinal se altere, isso pode variar de uma hipermotilidade o que causa muita dor e risco de deslocamento ou uma hipomotilidade que diminui a atividade intestinal e pode gerar uma compactação a nível de ceco e quando temos uma compactação intestinal já não temos a possibilidade de utilizar a sonda pos ela atua só a nível estômago.

Então nos deparamos com um desafio maior de descompactar o ceco através de muita fluidoterapia sistêmica para hidratar, uso de laxantes como sorbitol, semiticona, sulfato de magnésio e demais fármacos conforme as alterações demonstradas pois uma cólica a nível intestinal pode se tornar cirúrgica a qualquer momento.


Sempre ressalto que a sonda nasogástrica é a prioridade em um atendimento de cólica, pois o estomago do cavalo pode estar muito próximo de romper então não existe tempo a perder, além do mais, ela também serve como importante forma de diagnóstico, através da sonda podemos observar coloração, aspecto e odor do que esta saindo do estomago.


Logo após podemos dar continuidade ao restante do exame clínico que nos dará suporte para analisar a estabilidade dos parâmetros.

A ordem que procuro utilizar é essa:


1-    Sonda nasogástrica: como falei anteriormente é a atitude primordial do atendimento.

2-    Auscultação da motilidade: ela vai me guiar que tipo de cólica estou lidando, se temos ou não motilidade, presença de descarga íleo-cecal, timpanismo e progressividade nos movimentos. Não esquecem que o intestino tem 25m então não basta ele ter movimento em apenas uma parte e outra estar comprometida, por isso devemos treinar nosso ouvido em auscultas de cavalos sadios e entender os movimentos de um intestino saldável, para quando nos depararmos com um patológico conseguir ligar o nosso “pisca-alerta”.

3-    Após a ausculta intestinal a cardíaca e a resporitória também vão nos indicar fatores importantes como dor, estomago cheio também faz com que a FC aumente demasiadamente. Lembrando que a FC deve estar entre 20 á 40 batimentos por minuto e a FR por volta dos 10 movimentos por minutos, tudo que fuja disso tem que ser motivo de preocupação dentro do quadro de cólica.

4-    TPC- o tempo de preenchimento capilar vai me orientar a gravidade da desidratação e aproveito para ver a coloração da mucosa pois uma mucosa pálida pode me indicar deficiência na perfusão, já a congesta está ligada a problemas na circulação e o risco de obstrução intestinal, a ictérica me mostra que preciso ter uma atenção com o fígado e que o organismo está mostrando um possível quadro metabólico severo, já a congesta determina que temos dificuldade na passagem de sangue e isso pode ser por obstrução recente ou possível deslocamento.

5-    Temperatura corporal- a temperatura comporal não tem tanta relevância imediata, mas se o caso já vem se estendendo ela pode nos indicar algumas inflamações e infecções intestinais como por exemplo: jejunite e peritonite.

6-    Abdominocentese- costumo dizer que ela é decisiva para a decisão cirúrgica pois o líquido que sai do peritônio vai nos indicar a que ponto esta a saúde os principais órgãos intestinais, essa coloração tem que ser transparente e limpa, sem a presença de sangue ( observar caso tenha sangue se esta bem misturado ao líquido e já com coágulos ou se é vivo pois pode ser da pele ou musculatura na hora da coleta e isso é irrelevante),se esse líquido tem coloração muito amarelada ou então escurecida, È importante salientar que para realizar esse exame deve ser feita uma assepsia minuciosa da região para evitar contaminações.

7-    E por último mas também importante, caso seja possível a realização de exames complementares como hemogramas e bioquímicos que os resultados saiam de forma rápida, mas sei que na rotina a campo isso nem sempre é possível , porém quando estamos falando de atendimento em clínicas ou hospitais é de importante auxilio no diagnóstico.

 

Em resumo o que devemos saber inicialmente para realizar um atendimento de cólica é primeiramente sondar, esse procedimento só deve ser realizado por veterinários com experiencia caso contrário oferece grandes riscos para o animal, mas é um fator fundamental para sua vida perante essa emergência, por isso em atendimentos de cólica é fundamental chamar um médico veterinário expecializado. Posteriormente é necessário o controle da dor para promover um bem estar ao animal e uma dipirona já auxilia para relaxamento visceral enquanto o problema vai sendo solucionado, logo após inicia a terapêutica que vai depender do tipo da cólica, se utilizamos anti-espasmódicos nas cólicas espasmódicas ou prócineticos naquelas com hipomotilidades, por isso é fundamental conhecer as diferenças de cólica pois o uso contrário dessas medicações pode implicar no aumento da dor, da lesão visceral, ou na paralisação total do intestino.

Estamos de uma síndrome bem complexa e de alto risco que requer muito estudo e daria um E-book só para esse assunto, mas o insight que quero deixar é aprender a observar os animais, conhecer sua natureza fisiológica para qualquer pequeno sinal já fica com a atenção redobrada.


Aos veterinários e futuros que querem seguir essa área de atendimentos clínicos é fundamental acompanhar profissionais nesses atendimentos antes de realiza-los sozinhos, fazer estágio para poder obter muita casuística e aprender a diferenciar os tipos de cólica e a hora correta de encaminhar o animal quando essa necessitar de cirurgia.

Para os criadores e tratadores precisam entender que apesar de toda experiencia que a vida e a rotina trás, essa emergência é muito delicada e requer muitos materiais e procedimentos técnicos então não deixar de chamar um técnico para auxiliar, existem casos que um simples medicamento que já é de costume podem ajudar mas em outros pode até mesmo atrapalhar e não podemos perder um animal muitas vezes até de clientes por negligencia.

Como sempre falo para tratadores amigos meus, o momento em que tu encaminhas o animal para o veterinário tu tira a responsabilidade das tuas costas na questão de saúde.


E como saber se essa cólica é clínica ou cirúrgica? Necessitamos de exames complementares como por exemplo uma abdominocentese e ultrassonografia. Mas em geral as cólicas clínicas são de rápida resolução, em aproximadamente três horas o animal já começa a demonstrar uma melhora significativa, nos casos de compactação principalmente após retirar o conteúdo do estomago ele já demonstra expressão de alívio e os sinais de dor vão embora. Se o caso passa desse tempo sem haver uma melhora significativa é ideal já encaminhar para um hospital antes que o animal piore mais ainda pra ser transportado pois em ambiente hospitalar é possível a realização de exames determinantes e caso necessário a cirurgia ele já vai estar no hospital pronto pra entrar no bloco, pois nesses casos tempo é determinante para bons resultados.

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